segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Boteco Vai Aonde o Povo Está

Não que eu tenha alguma coisa contra os chamados buffets "chics" tradicionais.
Mas é que os buffets "chics" pensam "quadrado" de maneira conservadora, pouco antena com as tendências do dia a dia das pessoas.
Em geral, são inspirados pelos buffets de fora, americanos ou franceses, e deles copiam tendências e idéias.
A isso chamo pensar "quadrado".
Vejam o caso da moda "provençal", uma excrecência que vem dominando o gosto das festas da chamada "elite", e repicado ao infinito por decoradores e buffets.
O mesmo também acontece com as chamadas "festas boteco".
Quando criei o conceito do "botequim em casa" há 7 anos atrás nem pensava num serviço de buffet. Chegava a ficar irritado quando as pessoas assim denominavam o serviço.
Como não tinha grana para montar um boteco de verdade - a tentativa de agregar sócios para fundar uma franquia bem sucedida tinha naufragado -, parti para a internet e fui fazer tudo o que um bar ou restaurante localizado fazia, levando para o cidadão comum o resgate das tradições culinárias brasileiras com bom gosto.
Logo o conceito cresceu. Na mesma época o festival "comida di buteco" começava a se estruturar nacionalmente, e a literatura "Rio Botequim" ganhava ares de "best-seller".
Primeiro foi um famoso boteco paulista, depois vieram outros e muitos mais.
Claro, boteco deixava de ser lugar de carioca bebum e passava a ser coisa de rico, limpo e comandado por Chefs.
Mas ai vieram os oportunistas atrás de mais um tema para ganhar dinheiro, e inventaram a tal da "decoração de botequim".
O que era apenas coisa de decoradora de festa de bacana elevou o status do "boteco" nas festas do povão.
E para minha surpresa esse público, que ascendia social e economicamente, aceitou a conceituação de mau gosto de alguns buffets "chic", ao ponto de já não se saber mais o que é botequim ou mercearia, próximo até daquilo que no Rio de Janeiro se chama de birosca.
Me digam, o que lhe vem a cabeça quando se lembra de um botequim? Cada um vai ter uma ideia, um conceito, e dificilmente vamos chegar a um consenso.
Os próprios boteco da moda tiveram que imprimir cada qual seu padrão, senão seria difícil franquear.
E aos poucos minha ideia original foi se distanciando daquele cliente "classe média" que vive correndo atrás de "preço bom" por não ter muito para gastar, e se aproximando da feliz classe média brasileira que cresceu nestes últimos 15 anos com o fenômeno da distribuição de renda, e que quer para si o melhor, tudo o que o rico tem, e que ele hoje também pode ter.
Hoje meu "boteco" principal adota um conceito de "menu degustação" mais popular que eu chamo de "menu ostentação" e retomou o caminho original de atender aquele que realmente sai a noite para beber e comemorar, e conhece os ambientes que frequenta.
Para isso transformei o meu "botequim em casa" numa semi rede, onde se encontra desde o "boteco chique" voltado para a rapaziada antenada com o gênero dos botecos da moda, aquele de gênero "birosca carioca" para agradar a um público que pouco sai de casa e ainda pensa o boteco como um "botequim".

domingo, 18 de novembro de 2012

Ao Vencedor, as Batatas!


Trabalho pouco, mais pela minha maneira de pensar o mercado do que por vagabundagem. 
Para mim cada coisa tem seu valor. 
Pouco trabalho, preço baixo, muito trabalho, preço alto. Pouco valor agregado, preço baixo, muito valor agregado, preço alto. 
No entanto o mercado não pensa assim. Não sabe diferenciar o valor agregado do trabalho realizado, e vice versa. 
Respeito aqueles que dão pouco valor ao trabalho que tem e aquilo que produzem, cobrando barato para ter um montão de clientes. 
O mercado pensa, e sabe a hora de fazer seu preço. 
Há de se ter paciência, reflexão sobre os erros e acertos, e crença em que perseverando vai encontrar seu lugar. 
São 7 anos de trabalho, cerca de 16 horas por dia, errando, acertando, refletindo, criando. 
Primeiro criamos o conceito "botequim em casa", cujo modelo hoje é difundido por milhares de sites por todo o Brasil. 
Depois identificamos os alvos, os consumidores, e criamos produtos para todas as classes sociais, para todos os bolsos. 
Só que as pessoas sonham, e às vezes desejam algo aquém das suas possibilidades. 
Ai vem àqueles que se propõe atender esses desejos a qualquer preço, e o consumidor se sente satisfeito, mesmo tendo um produto de qualidade inferior. 
E assim vou vivendo, pagando o preço de ser um profissional de cozinha dedicado, criativo e cheio de sonhos, mas com formação de administrador.