segunda-feira, 28 de abril de 2014

Antes de se regular a "food truck" que se regule a "food at home"

Esse debate em torno da regulamentação da comida de rua está todo errado.
Tirando as firulas legais, com a prefeitura de São Paulo de olho na arrecadação ao invés de avançar na conceituação, os próprios interessados também estão perdidos.
Enquanto lá fora os caminhões de comida (food trucks) surgiram como uma solução aos altos preços dos imóveis, aqui mas parece solução para o desemprego.
Inflaram a gastronomia de chefs saídos de faculdades montadas por mercadores do ensino, e é isso no que está dando, muito cacique para pouco índio.
E como não tem tanto restaurante para abrigar o povo saído das salas de aula a solução foi avançar no espaço da rua.
As ruas no Brasil sempre ofereceram uma comedoria de qualidade, embora esta não resista a lógica da saúde pública.
Antes de se regulamentar a comida de rua, deveria ter sido dada uma olhada na rua.
Não conheço lugar que tenha uma oferta de equipamentos para venda de qualquer comida de qualquer tipo na rua como no Brasil.
Carrinhos, trailers, carrocinhas, furgões, etc, etc, etc.
E qual a dificuldade desses equipamentos produzirem comida de qualidade? Nenhuma.
Os caminhões de comida trouxeram para o setor apenas o que os botecos de grife trouxeram para os botequins: limpeza e projeto.
Veja o que aconteceu na orla do Rio. Redesenharam as barracas e os quiosques, e com um pouco de fiscalização tudo ficou legal.
Um caminhão de comida ao estilo dos lá de fora, aqui no Brasil não sai por menos de R$ 200.000,00.
E qual barraqueiro, ou quiosqueiro tem essa grana? Nenhum, apenas os donos do capital, os que não conseguiram completar as cotas para montar uma sociedade de bar ou restaurante.
Antes de regulamentar a comida de rua enquanto oferta, tinham que oferecer a todos aqueles que já trabalham nas ruas cursos de higiene e manipulação de alimentos, como os que tem sido oferecidos por algumas cidades brasileiras para a Copa, para ai sim permissionar. A comida de rua como está é muito mais uma questão de saúde pública do que de gestão.
Por outro lado o prefeito de São Paulo está se aproveitando de uma expectativa para, ai sim, tolher uma grande ideia, a das feiras gastronômicas montadas em espaço privados.
Ao contrário de lá, o Rio tem dado a sua contribuição com a ordenação do uso do espaço público, embora o pessoal da boa cozinha ainda tenha vergonha de ir para a rua.
Aqui a questão já é outra. A comida que é feita em casa e vai para a rua.
Mas ai já é uma outra discussão, a regulamentação da comida feita em casa (food at home).

Nenhum comentário:

Postar um comentário