sexta-feira, 21 de abril de 2017

Cozinha, entre o muquifo e a decoração

Lembro do meu encontro com Albino Pinheiro, agitador cultural e criador da Banda de Ipanema.
Queria nos conhecer, a mim e ao meu grupo, que trabalharia com ele num projeto cultural durante a Copa do Mundo de 1986.
Nos recebeu em seu apartamento em Ipanema, estilo anos 50, como todo bom gourmand e biriteiro, comida e cerveja.
Ao vivo e a cores nos preparou belos e suculentos bifes de contra filé, que se transformaram em petisco ao longo e descontraído papo que se seguiria.
Faço referência ao fato para falar dessas cozinhas de hoje, todas cheias de salamaleque e ares gourmets, limpas e higienizadas com quarto de hospital.
E ai de quem falar em fritura nelas, morre de espanto pela negativa imediata do dono.
Como profissional de cozinha ainda não me deparei com clientes desse estilo, prevalece o respeito ao chef e a prevalência do evento sobre o local. As broncas e olhares enviesados quase sempre surgem dos serviçais da casa, com receio do trabalho que terão com a limpeza ao final, que minha equipe garante entregar impecável, da mesma maneira que encontrou.
Mas fritura faz fumaça, e essa quase sempre invade o ambiente e quase sempre deixa estrago quando repetida no tempo.
Solteiro, passei a me preocupar um pouco mais com as frituras e a gordura, impregnam o teto, vidros, e armários, e só mesmo uma boa profissional de limpeza para deixar tudo em ordem.
Hoje, empurrado para alimentação saudável, aboli carnes e frituras, sinto saudades daquele encontro, e de não morar mais com desprendimento, sempre preocupado com a limpeza e a estética da cozinha.

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