quinta-feira, 15 de março de 2012

Como criei o conceito de "botequim em casa" e me tornei um personal boteco
















Quando me formei em cozinha no SENAC, lá pelos anos 70 estava fadado a ser mais um daqueles gordos e barrigudos cozinheiros, por trás de grandes panelões dos restaurantes da cidade de Niterói.
Fazia Administração é já era dono de um bom currículo. Queria apenas ter uma 2ª opção profissional que cobrisse os buracos nos tempos de vacas magras.
Minha vida tomou outro rumo e a cozinha me acompanhou. Ao invés de a segunda profissão ser a cozinha tornei-me promotor cultural.
Como produtor executivo de projetos institucionais tive a oportunidade de conhecer lugares e pessoas e, por conseguinte freqüentar bons restaurantes e aprimorar meus hábitos de gourmet.
Em casa, na cozinha era apenas um ser galante que cozinhava para as namoradas.
Passou-se o tempo e a gastronomia no Brasil ganhou ares internacionais.
Tempos da teve a cabo e seus programas culinários, que nada tinham a ver com os da Ana Maria Braga e Ofélia na teve aberta.
De cada canal, de cada programa absorvia conceitos, aprendizados e via crescer cada vez mais a paixão pela gastronomia.
No entanto, àquela época tudo era internacional, até surgir num canal de compras uma janela para a gastronomia.
Tempos do Rodolfo Bottino e suas trapalhadas ao fogão, já anunciando um mote aqui adaptado do meu amigo Delcio Teobaldo: "Hoje cozinha quem quer!"
Precisava me especializar um pouco mais, mas cadê dinheiro? Não bastava apenas a freqüência aos cursos e workshops, como os que tive com Jose Hugo Celidônio e Maria Tereza Weiss um pouco lá trás.
Decidi então botar o umbigo no fogão. Criei o conceito de "botequim em casa" e sai cozinhando por ai.
A experiência foi se acumulando, e o aprendizado maior foi vindo com a entrada da Internet em minha vida, um pouco antes de completar 60 anos.
Hoje são inúmeros os cursos de gastronomia, com todo mundo querendo se tornar um "chef". Cozinhar com elegância e bom gosto se tornou popular.
Mas, como diz uma amiga minha, dona de um bistrô: "Quem se habilita a vir pra cá fritar um ovo, na cansativa rotina de uma cozinha comercial?"
Todos querem criar, inventar pratos, oferecer novas cores e sabores.
E ai entra um grande divisor: talento! E talento não se aprende na escola, já nasce feito. Pode-se, quando muito lapidar.
E assim a vida continuou seguindo.
Com o meu “butiquim virtual” criei uma alternativa que poucos, ou ninguém tinha vislumbrado: cozinhar comida típica de botequim, enquanto gastronomia de bom gosto tendo a internet como base.
Nesses anos todos, não fosse a internet como é teria ficado rico com a cobrança de direitos autorais sobre nomes, formatos e composição de cardápios. Todo mundo se arvorando como criador da idéia do boteco em casa, inventado conceitos temáticos que mais parecem aquelas biroscas de comunidade (nada contra).
Alguns, com mais dinheiro que eu aproveitaram o pulo do gato para criar uma alternativa aos negócios dos seus chiques estabelecimentos. Já pensam até em franquias "boteco em casa".
Outros medíocres não se cansam em insistir na cópia e, diariamente só me dão trabalho.
E depois de muito pensar decidi: quero continuar assim como sou, crescendo aos poucos na profissão sem pensar em franquias, buffets ou estabelecimentos. Quando muito uma consultoria permanecendo em mim a essência daquilo que sou, um "personal boteco".

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